3) Evite, nas dissertações tradicionais, dirigir-se ao leitor.

Ao elaborar uma dissertação – principalmente a expositiva –, evite dirigir-se, por meio de verbos no imperativo, ao leitor. A modalidade, porém, em que esse relacionamento direto com o interlocutor é obrigatório é a carta argumentativa. Repare neste exemplo de imperativo indesejável na dissertação tradicional:
Veja o exemplo tupiniquim. Só porque ela (a água) é abundante tanto na forma de rios, quanto de lençóis (Botucatu), podemos destruí-la?
Como poderíamos “quebrar” esse tratamento direto ao leitor? É simples: uma partícula apassivadora já resolveria o problema: 

Veja-se o exemplo tupiniquim. Só porque ela (a água) é abundante tanto na forma de rios, quanto de lençóis (Botucatu), podemos destruí-la? 


4) Evite as repetições exageradas e umas próximas das outras.

Você já sabe que o equilíbrio é uma das principais virtudes de um redator. Por isso, repetir exageradamente palavras, expressões e terminações vocabulares é, obviamente, algo a ser evitado ao máximo. Tome cuidado principalmente com a repetição de sons finais (ecos), de verbos no gerúndio, da palavra “que” e de vocábulos em geral.
Observação: lutar contra a repetição exagerada não implica abolir o uso do gerúndio e da palavra “que”, por exemplo, como interpretam erroneamente tantos alunos. Vamos ver algumas repetições desagradáveis? Comecemos pelos ecos:

Poderíamos evitá-los pela substituição de algumas palavras: A atuação dos meios de comunicação diante das denúncias de corrupção aumentou a percepção crítica da população.

O procedimento da mídia diante das denúncias de corrupção aumentou o senso crítico das pessoas.

Vejamos agora um exemplo de repetição exagerada do gerúndio:
Uma revelação do esporte brasileiro está sendo Guga, que em tão pouco tempo conseguiu vitórias inéditas com o tênis e está sendo o representante brasileiro mais árduo atuando fora e conquistando o coração dos brasileiros.
O período, bem “grandinho”, ficaria melhor se fosse dividido em duas frases e se fosse reestruturado de maneira a evitar o “gerundismo”:
Uma revelação do esporte brasileiro é Guga, que em tão pouco tempo conseguiu vitórias inéditas com o tênis. Ele é o representante brasileiro mais árduo no exterior e conquistou o coração dos brasileiros. 

Veja agora como o “que” usado exageradamente torna a leitura desagradável:
Vários cientistas dizem que a clonagem humana, que é um avanço científico inevitável, tem que ser explorada de maneira que a dignidade das pessoas seja respeitada.

Basta um pouco de criatividade e bom senso para evitar o “queísmo”:
Segundo vários cientistas, a clonagem humana, foi um avanço científico inevitável, deve ser explorada sem a dignidade das pessoas ser prejudicada.
A repetição de palavras também deixa a leitura desagradável. Repare:

Alguns constatam que a clonagem em humanos, para apenas reproduzir novos seres, pode ser perigosa, pois ela não está livre de produzir seres anômalos. Cite-se o exemplo da ovelha Dolly. Dos 276 embriões manipulados, apenas 29 sobreviveram para serem implantados em ovelhas, e desses somente um teve a reprodução efetivada. Então, da mesma maneira que o sucesso dessa tecnologia nos animais foi custoso, o mesmo pode ocorrer no projeto que envolve humanos.

Entretanto, no ano passado, cientistas apresentaram à sociedade o projeto Genoma, que consistiu na "leitura" dos cromossomos humanos. Com esse projeto da ciência, no futuro, eles pretendem identificar as funções de cada cromossomo, para depois corrigir os erros genéticos. Esses erros talvez possam ser corrigidos com a "clonagem terapêutica", que visa à regeneração de órgãos e tecidos danificados. A conciliação do projeto Genoma com a clonagem terapêutica pode resultar em uma grande conquista científica. 

Poderíamos evitar as repetições exageradas e muito próximas por meio da substituição e da omissão (f) de algumas palavras:
Alguns constatam que a clonagem em humanos, para apenas reproduzir novos seres, pode ser perigosa, pois ela não está livre de produzir resultados anômalos. Cite-se o exemplo da ovelha Dolly. Dos 276 embriões manipulados, apenas 29 sobreviveram para serem implantados em ovelhas, e desses somente um teve a reprodução efetivada. Então, da mesma maneira que o sucesso dessa tecnologia nos animais foi custoso, o mesmo pode ocorrer no projeto que envolve humanos.

Entretanto, no ano passado, cientistas apresentaram à sociedade o projeto Genoma, que consistiu na "leitura" dos cromossomos humanos. Com esse avanço da ciência, no futuro, eles pretendem identificar as funções de cada cromossomo, para depois corrigir os erros genéticos. Essas falhas talvez possam ser corrigidas com a "clonagem terapêutica", que visa à regeneração de órgãos e tecidos danificados. A conciliação do f Genoma com a clonagem terapêutica pode resultar em uma grande conquista científica.